sábado, 24 de janeiro de 2009



Ele abriu a janela ao meio, o que encheu a sala de ar frio.
- Venha cá, Griet.
Deixei os panos no parapeito e dirigi-me para junto dele.
- Espreita pela janela.
Espreitei. Estava um dia ventoso, com nuvens que desapareciam por trás da torre da igreja.
- De que cor são aquelas nuvens?
- São brancas, senhor.
- São? - perguntou ele, erguendo ligeiramente as sobrancelhas.
Olhei-as novamente.
- E cinzentas. Talvez vá nevar.
- Vá lá, Griet. Consegue fazer melhor do que isso. Pensa nos teus legumes.
- Nos meus legumes, senhor?
Ele moveu a cabeça ligeiramente. Estava outra vez a irritá-lo. O meu maxilar contraiu-se.
- Pensa em como separaste os brancos. Os nabos e as cebolas. São do mesmo branco?
De súbito compreendi.
- Não. O nabo tem verde a cebola amarelo.
- Exatamente. Então, que cores você vê nas nuvens?
- Há azul nelas - respondi depois de as examinar durante alguns minutos. E… Amarelo também. E algum verde!
- Estava tão entusiasmada que até apontei. Tinha olhado para nuvens durante toda a vida mas era como se as visse pela primeira vez naquele momento.
Ele sorriu.
- Há de descobrir que há pouco branco puro nas nuvens, embora as pessoas digam que são brancas.


(Moça com brinco de pérolas-2003)


Um comentário:

Salve Jorge disse...

Branco puro
Eu esconjuro
Costumo alargar o furo
E é assim que me curo
Pra ver melhor
Amar elos
E ver dez
Ou mais
Azuiz por aí...